sexta-feira, 2 de março de 2012

Torneio deplorável

Recentemente, mais precisamente ontem, recebí por e-mail uma foto de um torneio chamado de "Final do Estadual", onde a cena é a mais absurda possível. Seja como árbitro ou como organizador de mais de 300 torneios, nunca vi algo tão assustador na minha vida. Já organizei com amigos, de forma bastante informal, torneios de confraternização, quando era Presidente da Federação do Estado do Espírito Santo. Mesmo sendo em meio a festividades, com churrasco, nossos torneios informais zelavam pelo mínimo respeito às regras do xadrez e à etiqueta. Jogadores não jogavam sem camisa, as mesas eram adequadas, o ambiente era bem ventilado, as cadeiras confortáveis, em suma, nada comparado ao cenário de horror da imagem que recebí e que deve estar rodando por blogs enxadrísticos do Brasil.

Como nosso blog tem por objetivo trazer assuntos do esporte, seja na ótica das regras, seja de forma geral, gostaria de pontuar algumas coisas básicas:

1) As Leis do Xadrez, no item 13.2, versa claramente que "O árbitro deverá atuar no melhor interesse da competição. Deverá assegurar a existência de um bom ambiente de jogo, de modo que os jogadores não sejam perturbados. Deverá também supervisionar o bom andamento da competição". Bom, deve ser consenso, entre os de bom senso, que um ambiente que parece ser um boteco, com mesas de cimento, não é um bom ambiente de jogo, nem muito menos preserva os jogadores de perturbações, especialmente as climáticas.

2) Há também o 12.1, que fala que "Os jogadores não poderão praticar nenhuma ação que cause má reputação ao jogo de xadrez". Jogar sem camisa, certamente não parece ser uma conduta que cause uma boa reputação. Neste caso o jogador está isento, porque ele só precisou tirar a camisa porque a organização não lhe propiciou condições de prosseguir sua partida vestido, o ambiente não era climatizado, o que nos leva ao item anterior.

Poderia ser mais rigoroso e colocar os termos do regulamento de torneio da FIDE (C.06), onde fala sobre vestimenta, sobre as obrigações dos organizadores e atribuições do árbitro chefe. Mas não é isto que está em questão. O que está em questão é a condição desumana da competição em questão. A falta mínima de dignidade conferida aos participantes, estes que deveriam se impor e se recusar participar de um torneio que nem condições de ser uma "pelada" informal tinha. Quanto mais valer um suposto título "estadual".

Pelo que pude notar, tal evento não foi registrado na CBX e nem na FIDE e nem seria aceito nas condições em que foi realizado. Como jogador, eu me recusaria a jogar. Como árbitro, eu me recusaria a arbitrar. Como organizador, eu jamais desrespeitaria os jogadores, o árbitro e o esporte com condições tão degradantes! Aquilo ali não serviria nem para rinha de briga de galo!

Só não posto a foto, porque a cena não é digna deste blog!

Abraço!

AI Pablyto Robert

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